Dentre os principais assuntos discutidos pela sociedade brasileira atualmente na Universidade, no botequim da esquina ou até mesmo no Congresso, está a política fiscal aplicada pelo governo do Brasil frente à crise que claramente não é marolinha, contudo tsunami. Após cinco anos de crescimento teoricamente satisfatório do ponto de vista intrínseco, porém medíocre em relação aos outros emergentes (como China e Índia), o Brasil depara-se novamente com o peso de políticas de aumento dos gastos correntes (manutenção, salários, programas populistas) gera nos cofres públicos, contribuindo para uma carga tributária de 38% do PIB, investimento baixo e resfriamento da capacidade industrial do país.
Política fiscal é o termo utilizado em economia para designar a atuação do governo em relação à arrecadação de impostos e aos gastos públicos. Ou seja, é a atuação do governo no sistema tributário de modo a alterar, controlar a monitorar as despesas do setor privado, afetando diretamente o nível de demanda e oferta e demanda de bens.
Depois de sabermos sucintamente o seu significado; através dos tópicos abaixo, refletiremos sobre alguns dos aspectos relativos à política fiscal.
a) Controle da Inflação: uma política fiscal frouxa, especialmente a que é aplicada aqui no Brasil, onde a prioridade não é o investimento (hoje em 19% do PIB, baixíssimo em comparação a níveis internacionais) mas sim o gasto público corrente, como pagamento de juros, subsídios à agricultura e indústrias selecionadas, aumento dos salários do funcionalismo, contribuindo para o crescimento de curto-prazo. Devido a isso, a definição utilizada para o nosso perfil de crescimento é de “vôo de galinha”.
b) Poupança Interna: o desenvolvimento econômico pressupõe a acumulação de capital humano e físico por meio da utilização da poupança pública para inversões em educação, saúde e infra-estrutura. O superávit primário brasileiro de 4%, apesar de ser considerável, tem sua base em uma conjuntura não mais presente de preços irracionalmente altos de commodities, atividade econômica latente e crédito fácil. Isto significa impossibilidade de manutenção do festerê regado à bonanza.
c) Flexibilidade da estrutura fiscal. No Brasil, em especial depois da aprovação da Constituição de 1988, o nosso sistema tributário ficou “auto-insustentável”, devido a medidas tais como a de vincular gastos a receitas. De forma clara, podemos mostrar a situação assim: uma certa porcentagem da receita total arrecadada é destinada à educação (digamos R$ 100,00), e deve ser gasta nisso (segundo a lei), mesmo se não há nenhum projeto pronto. Não se pode destinar esse valor para estradas ou um hospital necessitante naquele preciso momento. Afinal, gastar mais não significa gastar melhor.
d) Sustentabilidade. O déficit público é sustentável quando o governo pode continuar no seu serviço sem requerer correções surrealistas nas rendas futuras necessárias (impostos) para cobrir o rombo. Por meio da queda de impostos advindos do consumo e da produção, consequência óbvia da retração econômica mundial, não será tão fácil continuar a desperdiçar o dinheiro público em projetos de duvidosa eficácia.
A eficácia de qualquer política, seja ela tributária, monetária ou fiscal, passa indubitavelmente pela participação ativa da sociedade no processo de averiguação do que está sendo feito pelos candidatos eleitos à Câmara dos Deputados e ao Senado. Além disso, a própria iniciativa privada teria prezar por opiniões focadas no progresso, não como comentário de Paulo Skaf, presidente da FIESP/CIESP, na Revista Conjuntura Econômica, afirmando que “ caberiam medidas governamentais de limite às importações, prestigiando o produto brasileiro e garantindo empregos aqui e não no exterior”. Quais foram os efeitos da política de substituição de importações, aplicada pelo Brasil nas décadas de 50 e 60, na qual o mercado era fechado para produtos industrializados do exterior, de forma a criar gigantes no mercado interno? Atraso e subdesenvolvimento. Repito, atraso e subdesenvolvimento.
Neste artigo de caráter puramente introdutório (1) e opinativo sobre os furos da política fiscal brasileira, destaco alguns pontos a serem posteriormente ampliados no que tange ao desafio sangrento de conscientizar o povo brasileiro de que culpar outrem (Estados Unidos, Bush ou qualquer outro laranja) por nossos problemas não muda o estado das coisas, sendo que as grandes mudanças são geradas via supervisão e sabedoria no momento do voto, fortificando assim nossas instituições, além de estar claro qual o país que desejamos no futuro.
(1) Leiam a revista Conjuntura Econômica de Fevereiro de 2009 para mais informações sobre o Brasil. Disponível para assinantes, somente.
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domingo, 12 de abril de 2009
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Barack Obama - caminhos sinuosos
O dia 20 de janeiro de 2009 registra um fato de grande magnitude na história dos Estados Unidos, pois Barack Hussein Obama, filho de um homem negro do Quênia educado em Harvard e de Ann Dunham, uma mulher branca de Wichita, Kansas, assume a presidência. Fato nunca antes registrado. É a primeira pessoa não-branca a ser eleita ao maior cargo do Executivo norte-americano.
Após ser eleito senador pelo Estado de Illinois em 2004, o partido democrata passou a prepará-lo como base para as eleições vindouras, através de uma estratégia que paulatinamente destacava as suas características positivas, como retórica e carisma, ao passo que impedia a participação dele em debates acirrados, os quais poderiam comprometer a sua imagem. Com o uso competente das ferramentas disponíveis na Internet – blogs, sites, Skype; das grandes corporações de imprensa (CNN, CBC, Reuters, MSNBC) e do fato de concorrer contra um fraquíssimo oponente, John McCain, a disputa tornou-se facilmente vencível. Enquanto isso, o único personagem qualificado do partido republicano, Ron Paul, que pelos menos conseguia argumentar razoavelmente, foi descartado.
A vitória de Obama possui um efeito restaurador no que tange à reputação dos EUA no exterior. No âmago do partido Democrata, e como uma das promessas de Obama, está a retirada das tropas do Iraque, de forma rápida e límpida. Como se pode racionalmente concluir pelo histórico da região, uma ação desse tipo beira ao impossível e não está no melhor interesse das empresas petrolíferas sedentas de lucros em meio a uma crise internacional sem precedentes.
A isso se soma o problema do Afeganistão, o qual demanda mais tropas para que uma nação dali possa se erigir em bases democráticas. Os EUA necessitam reatar suas relações diplomáticas com as nações européias mediante o uso da figura de Obama (Change-man) enquanto ela ainda está mascarada de messianismo, de forma a induzir o envio de mais tropas alemãs e inglesas para o palco de batalha. Alguém se lembra de Rambo II, quando o Talibã era aliado dos norte-americanos? Ironias do destino.
No ano passado, depois da primeira leva de injeção de capital público (US$ 302 bilhões, aproximadamente) os bancos favorecidos exibiram suas metas para corroborar a recuperação econômica no médio prazo, vejamos:
· O Citibank adquiriu um jato de luxo corporativo Dassault Falcon 7X no valor de US$ 50 milhões (recebeu US$ 45 bilhões do governo). Além disso, novamente em coro com os melhores interesses da população, o banco deseja patrocinar a construção do novo Mets Stadium, no valor de US$ 400 milhões.
· John Thain, ex-CEO da Merrill Linch, pouco antes de sua resignação em 22 de janeiro deste ano, resolveu reformar o seu escritório, gastando US$ 1,2 milhão de dólares. Para complementar, distribuiu alguns bilhões em bônus aos seus funcionários (remunerando a eficiência?). Alguns dias depois, o Bank of America, que recebeu US$ 45 bi do governo, adquiriu-o.
· O próprio Bank of America, segundo seus administradores, em uma estratégia de crescimento, patrocinou um evento chamado “The NFL Experience” (direcionado aos fãs de futebol americano, constando de atividades esportivas e recreativas em um local com mais de 850 mil m2, custando US$ 10 milhões. Não há duvida de que as crianças foram ao local para ver as opções em investimento de longo prazo ou talvez refinanciar as suas hipotecas.
Em fevereiro de 2009, houve a aprovação do pacote de estímulo econômico de US$ 787 bilhões (destes, US$ 287 através do corte de impostos), com o objetivo de aumentar o consumo das famílias, o investimento das empresas, a confiança dos investidores e o déficit das contas públicas. Estima-se que US$ 185 bilhões serão gastos em 2009.
No setor da saúde, onde serão aplicados US$ 138 bilhões, as prioridades governamentais se localizam no fortalecimento do Medicaid, na ajuda direta aos trabalhadores desempregados quando da necessidade de assistência médica e na criação de uma central nacional de informações médicas sobre a população norte-americana, o que traria maior velocidade na execução de consultas e corte nos custos operacionais. Atualmente, a nação Estados Unidos está ranqueada como trigésima sétima em qualidade de saúde, mesmo sendo uma das que mais gastar / % PIB. Obama solicita que as pessoas tomem cuidado de si mesmas, popularmente falando, executar a técnica da medicina preventiva: sem mais gastos médicos com exames, é claro.
No dia 6 de dezembro de 2008, Barack disse que se criariam milhões de empregos através do maior investimento em infra-estrutura desde a construção do sistema federal de rodovias em 1950. Com US$ 165 bilhões destinados a esse setor, a corrida pelo acesso aos recursos pelos estados está a cada dia mais acirrada. O temor é que a vontade de gastar seja maior do que a de pensar sabiamente. No plano governamental está escrito que projetos nomeados (shovel-ready, ou no português, pá pronta) serão prioritários, dentro deles, várias novas estradas com destino ainda a ser descoberto, aos moldes do que ocorreu no Japão na década de 1990 e aqui no Brasil, no que diz respeito à Transamazônica. Vale ressaltar que a reparação de estruturas (sistemas de transportes, estradas, encanamentos) gera em torno de 9% mais empregos do que se erigir novos projetos. Talvez seja melhor nem usar a pá, mas sim o martelo.
No que tange ao cidadão, o pacote destina mais de US$ 260 bilhões em 10 anos, especialmente, através de cortes de impostos, rebates (devoluções) de valores, linhas de crédito para ensino superior e compra de casas, entre outras. O principal vaso condutor da crise foi a questão do frenesi imobiliário, onde setor público e instituições financeiras trabalharam juntos para gerar a maior bolha dos últimos tempos, sendo que os cidadãos usavam a própria casa para se alavancarem (consumirem) mais. Como pode ser visto no programa Help for Homeowners?, disponível em http://www.pbs.org/, site da televisão pública norte-americana , existem poucos resultados palpáveis em relação ao que tem sido feito no nível federal para restabelecer o mercado de mortgages (hipotecas). Muitas cidades estão totalmente desertas no momento. A prefeitura de Memphis, por exemplo, acionou bancos na justiça para cobrar os prejuízos oriundos da concessão de crédito irresponsavelmente. Indubitavelmente, a melhor solução encontra-se no fortalecimento das organizações comunitárias de crédito, amplamente banhadas de conhecimento sobre as áreas afetadas e da real capacidade de pagamento dos moradores.
A guisa de conclusão é crucial lembrar que a vitória de Obama significa não um fato messiânico, mas sim o resultado de um projeto bem organizado pelo partido Democrata. Na sua frente, diversos problemas a serem enfrentados. A necessidade de se regular os mercados e também a própria política macroeconômica do FED é urgente, para que se evitem incentivos ao comportamento desvairado, combustível para a presente crise. Agora é esperar pelos resultados do tal pacote, e que a palavra CHANGE (mudança), utilizada repetidamente por Obama, seja realmente correta para descrever o futuro que nos espera.
Após ser eleito senador pelo Estado de Illinois em 2004, o partido democrata passou a prepará-lo como base para as eleições vindouras, através de uma estratégia que paulatinamente destacava as suas características positivas, como retórica e carisma, ao passo que impedia a participação dele em debates acirrados, os quais poderiam comprometer a sua imagem. Com o uso competente das ferramentas disponíveis na Internet – blogs, sites, Skype; das grandes corporações de imprensa (CNN, CBC, Reuters, MSNBC) e do fato de concorrer contra um fraquíssimo oponente, John McCain, a disputa tornou-se facilmente vencível. Enquanto isso, o único personagem qualificado do partido republicano, Ron Paul, que pelos menos conseguia argumentar razoavelmente, foi descartado.
A vitória de Obama possui um efeito restaurador no que tange à reputação dos EUA no exterior. No âmago do partido Democrata, e como uma das promessas de Obama, está a retirada das tropas do Iraque, de forma rápida e límpida. Como se pode racionalmente concluir pelo histórico da região, uma ação desse tipo beira ao impossível e não está no melhor interesse das empresas petrolíferas sedentas de lucros em meio a uma crise internacional sem precedentes.
A isso se soma o problema do Afeganistão, o qual demanda mais tropas para que uma nação dali possa se erigir em bases democráticas. Os EUA necessitam reatar suas relações diplomáticas com as nações européias mediante o uso da figura de Obama (Change-man) enquanto ela ainda está mascarada de messianismo, de forma a induzir o envio de mais tropas alemãs e inglesas para o palco de batalha. Alguém se lembra de Rambo II, quando o Talibã era aliado dos norte-americanos? Ironias do destino.
No ano passado, depois da primeira leva de injeção de capital público (US$ 302 bilhões, aproximadamente) os bancos favorecidos exibiram suas metas para corroborar a recuperação econômica no médio prazo, vejamos:
· O Citibank adquiriu um jato de luxo corporativo Dassault Falcon 7X no valor de US$ 50 milhões (recebeu US$ 45 bilhões do governo). Além disso, novamente em coro com os melhores interesses da população, o banco deseja patrocinar a construção do novo Mets Stadium, no valor de US$ 400 milhões.
· John Thain, ex-CEO da Merrill Linch, pouco antes de sua resignação em 22 de janeiro deste ano, resolveu reformar o seu escritório, gastando US$ 1,2 milhão de dólares. Para complementar, distribuiu alguns bilhões em bônus aos seus funcionários (remunerando a eficiência?). Alguns dias depois, o Bank of America, que recebeu US$ 45 bi do governo, adquiriu-o.
· O próprio Bank of America, segundo seus administradores, em uma estratégia de crescimento, patrocinou um evento chamado “The NFL Experience” (direcionado aos fãs de futebol americano, constando de atividades esportivas e recreativas em um local com mais de 850 mil m2, custando US$ 10 milhões. Não há duvida de que as crianças foram ao local para ver as opções em investimento de longo prazo ou talvez refinanciar as suas hipotecas.
Em fevereiro de 2009, houve a aprovação do pacote de estímulo econômico de US$ 787 bilhões (destes, US$ 287 através do corte de impostos), com o objetivo de aumentar o consumo das famílias, o investimento das empresas, a confiança dos investidores e o déficit das contas públicas. Estima-se que US$ 185 bilhões serão gastos em 2009.
No setor da saúde, onde serão aplicados US$ 138 bilhões, as prioridades governamentais se localizam no fortalecimento do Medicaid, na ajuda direta aos trabalhadores desempregados quando da necessidade de assistência médica e na criação de uma central nacional de informações médicas sobre a população norte-americana, o que traria maior velocidade na execução de consultas e corte nos custos operacionais. Atualmente, a nação Estados Unidos está ranqueada como trigésima sétima em qualidade de saúde, mesmo sendo uma das que mais gastar / % PIB. Obama solicita que as pessoas tomem cuidado de si mesmas, popularmente falando, executar a técnica da medicina preventiva: sem mais gastos médicos com exames, é claro.
No dia 6 de dezembro de 2008, Barack disse que se criariam milhões de empregos através do maior investimento em infra-estrutura desde a construção do sistema federal de rodovias em 1950. Com US$ 165 bilhões destinados a esse setor, a corrida pelo acesso aos recursos pelos estados está a cada dia mais acirrada. O temor é que a vontade de gastar seja maior do que a de pensar sabiamente. No plano governamental está escrito que projetos nomeados (shovel-ready, ou no português, pá pronta) serão prioritários, dentro deles, várias novas estradas com destino ainda a ser descoberto, aos moldes do que ocorreu no Japão na década de 1990 e aqui no Brasil, no que diz respeito à Transamazônica. Vale ressaltar que a reparação de estruturas (sistemas de transportes, estradas, encanamentos) gera em torno de 9% mais empregos do que se erigir novos projetos. Talvez seja melhor nem usar a pá, mas sim o martelo.
No que tange ao cidadão, o pacote destina mais de US$ 260 bilhões em 10 anos, especialmente, através de cortes de impostos, rebates (devoluções) de valores, linhas de crédito para ensino superior e compra de casas, entre outras. O principal vaso condutor da crise foi a questão do frenesi imobiliário, onde setor público e instituições financeiras trabalharam juntos para gerar a maior bolha dos últimos tempos, sendo que os cidadãos usavam a própria casa para se alavancarem (consumirem) mais. Como pode ser visto no programa Help for Homeowners?, disponível em http://www.pbs.org/, site da televisão pública norte-americana , existem poucos resultados palpáveis em relação ao que tem sido feito no nível federal para restabelecer o mercado de mortgages (hipotecas). Muitas cidades estão totalmente desertas no momento. A prefeitura de Memphis, por exemplo, acionou bancos na justiça para cobrar os prejuízos oriundos da concessão de crédito irresponsavelmente. Indubitavelmente, a melhor solução encontra-se no fortalecimento das organizações comunitárias de crédito, amplamente banhadas de conhecimento sobre as áreas afetadas e da real capacidade de pagamento dos moradores.
A guisa de conclusão é crucial lembrar que a vitória de Obama significa não um fato messiânico, mas sim o resultado de um projeto bem organizado pelo partido Democrata. Na sua frente, diversos problemas a serem enfrentados. A necessidade de se regular os mercados e também a própria política macroeconômica do FED é urgente, para que se evitem incentivos ao comportamento desvairado, combustível para a presente crise. Agora é esperar pelos resultados do tal pacote, e que a palavra CHANGE (mudança), utilizada repetidamente por Obama, seja realmente correta para descrever o futuro que nos espera.
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segunda-feira, 5 de maio de 2008
Regional Economic Outlook:Western Hemisphere - April 2008 - Parte 2
Em seguimento ao exposto na semana passada, trago aqui a segunda e última parte da análise do FMI sobre a América Latina e Caribe. Há de se ressaltar que o foco principal da abordagem do blog Economia Prática diz respeito à América do Sul, onde está localizado o nosso país. Cada informação cedida, terá um comentário no mesmo parágrafo, como podem ver.
Segundo o documento, a tendência de redução do valor das commodities e do fluxo de capital externo aos países da América Latina, em conjunto com um aumento sobremaneira das importações – pela força da demanda interna - acarretará em déficits em conta corrente até o final do ano (por exemplo, no Brasil). Na página 8 do documento, você pode visualizar um gráfico mostrando a evolução dos preços das principais commodities (petróleo, cobre e soja) com base no ano 2002. Quem passa por dificuldades quando do aumento do valor das matérias-primas são os países da América Central, mormente pela sua dependência dos alimentos vindos do exterior, o que gera pressões inflacionárias grandiosas e afeta diretamente a camada mais pobre da população. Conforme dito acima, os fluxos de capitais direcionados à América Latina aumentaram, entretanto, com direcionamento praticamente exclusivo ao setor de recursos naturais ou de operações de carry-trade. Pela entrada de dólares, ao menos, por iniciativa dos BCs, fazem-se reservas de moeda “forte” (quase de US$ 500 bilhões de dólares, em se tratando de América Latina). Contudo, todo esse capital ainda está rendendo de forma medíocre na compra de títulos norte-americanos, atualmente, nem um pouco rentáveis. A idéia de um fundo soberano então, nunca saiu da falácia política.
Em relação ao crescimento do PIB da LAC, as estimativas são de 4.4% para 2008 e 3.6% em 2009, em cotejamento com o ocorrido em 2007 (5.6%). A expansão de níveis históricos foi guiada, principalmente, pelo consumo privado – favorecido pela maior produtividade e fácil acesso ao crédito -, o qual impulsionou a valorização real dos salários e a queda do índice de desemprego da PEA. No que diz respeito às tendências comerciais, vê-se que com a desaceleração da economia norte-americana, países da América Latina e Caribe, recipientes de grandes volumes de remessas, ver-se-ão prejudicados gravemente, visto que os principais trabalhadores emigrados para os Estados Unidos são destinados à construção civil, que está muito comprometida até o momento pela desvalorização de todos os tipos de edificações (casas ou prédios comerciais).
No caso da inflação, beirando os 6% em 2007 em toda a região (com algumas exceções como na Bolívia, Costa Rica e Nicarágua – 22%), indica forte preocupação. Como tratado em texto anterior do presente blog, os principais algozes são os alimentos e o petróleo. Além disso, conta-se a pressão advinda pelo aumento do poder de compra dos salários internamente. Para combater esse “problema”, alguns BCs estão aumentando a taxa de juros da dívida pública para desviar recursos dos empréstimos de consumo para a renda fixa, ou mesmo os governos de tendência populista estão concedendo políticas administrativas de distribuição de “bolsas”, com impacto direto na questão de equilíbrio fiscal. Veja-se que a solução real vai, muito além, por exemplo, com a descentralização de a capacidade produtiva alimentar das nações: Brasil, Austrália, Argentina, Estados Unidos e União Européia em direção ao continente africano.
Tangente à questão fiscal, espera-se uma diminuição do ritmo de crescimento das economias latino-americanas (acompanhado da manutenção das receitas pelo receituário tributário atroz), enquanto as despesas primárias, destinadas à sustentação da máquina pública – não investimentos -, exibem perspectiva de considerável aumento no decorrer de 2008. Segundo gráficos constantes na pág. 20, caso o comércio de commodities arrefeça, em geral, os países da LAC estarão apresentando déficits em conta corrente. O caso do Brasil é claro nesse sentido, como pode ser visto na mídia.
Desta vez, foi feito de forma sucinta o apanhado sobre o documento regional do FMI sobre as Américas. Fato esse que sublinha a repetição de alguns assuntos tratados na edição de novembro de 2007 e, que pela sua difícil explanação em termos práticos, coloca o leitor em situação um pouco escabrosa. Ressaltamos as preocupações do momento como: inflação alta, déficits nas relações internacionais (seja conta de capital, de comércio ou serviços) e problemas na política fiscal no curto prazo.
Segundo o documento, a tendência de redução do valor das commodities e do fluxo de capital externo aos países da América Latina, em conjunto com um aumento sobremaneira das importações – pela força da demanda interna - acarretará em déficits em conta corrente até o final do ano (por exemplo, no Brasil). Na página 8 do documento, você pode visualizar um gráfico mostrando a evolução dos preços das principais commodities (petróleo, cobre e soja) com base no ano 2002. Quem passa por dificuldades quando do aumento do valor das matérias-primas são os países da América Central, mormente pela sua dependência dos alimentos vindos do exterior, o que gera pressões inflacionárias grandiosas e afeta diretamente a camada mais pobre da população. Conforme dito acima, os fluxos de capitais direcionados à América Latina aumentaram, entretanto, com direcionamento praticamente exclusivo ao setor de recursos naturais ou de operações de carry-trade. Pela entrada de dólares, ao menos, por iniciativa dos BCs, fazem-se reservas de moeda “forte” (quase de US$ 500 bilhões de dólares, em se tratando de América Latina). Contudo, todo esse capital ainda está rendendo de forma medíocre na compra de títulos norte-americanos, atualmente, nem um pouco rentáveis. A idéia de um fundo soberano então, nunca saiu da falácia política.
Em relação ao crescimento do PIB da LAC, as estimativas são de 4.4% para 2008 e 3.6% em 2009, em cotejamento com o ocorrido em 2007 (5.6%). A expansão de níveis históricos foi guiada, principalmente, pelo consumo privado – favorecido pela maior produtividade e fácil acesso ao crédito -, o qual impulsionou a valorização real dos salários e a queda do índice de desemprego da PEA. No que diz respeito às tendências comerciais, vê-se que com a desaceleração da economia norte-americana, países da América Latina e Caribe, recipientes de grandes volumes de remessas, ver-se-ão prejudicados gravemente, visto que os principais trabalhadores emigrados para os Estados Unidos são destinados à construção civil, que está muito comprometida até o momento pela desvalorização de todos os tipos de edificações (casas ou prédios comerciais).
No caso da inflação, beirando os 6% em 2007 em toda a região (com algumas exceções como na Bolívia, Costa Rica e Nicarágua – 22%), indica forte preocupação. Como tratado em texto anterior do presente blog, os principais algozes são os alimentos e o petróleo. Além disso, conta-se a pressão advinda pelo aumento do poder de compra dos salários internamente. Para combater esse “problema”, alguns BCs estão aumentando a taxa de juros da dívida pública para desviar recursos dos empréstimos de consumo para a renda fixa, ou mesmo os governos de tendência populista estão concedendo políticas administrativas de distribuição de “bolsas”, com impacto direto na questão de equilíbrio fiscal. Veja-se que a solução real vai, muito além, por exemplo, com a descentralização de a capacidade produtiva alimentar das nações: Brasil, Austrália, Argentina, Estados Unidos e União Européia em direção ao continente africano.
Tangente à questão fiscal, espera-se uma diminuição do ritmo de crescimento das economias latino-americanas (acompanhado da manutenção das receitas pelo receituário tributário atroz), enquanto as despesas primárias, destinadas à sustentação da máquina pública – não investimentos -, exibem perspectiva de considerável aumento no decorrer de 2008. Segundo gráficos constantes na pág. 20, caso o comércio de commodities arrefeça, em geral, os países da LAC estarão apresentando déficits em conta corrente. O caso do Brasil é claro nesse sentido, como pode ser visto na mídia.
Desta vez, foi feito de forma sucinta o apanhado sobre o documento regional do FMI sobre as Américas. Fato esse que sublinha a repetição de alguns assuntos tratados na edição de novembro de 2007 e, que pela sua difícil explanação em termos práticos, coloca o leitor em situação um pouco escabrosa. Ressaltamos as preocupações do momento como: inflação alta, déficits nas relações internacionais (seja conta de capital, de comércio ou serviços) e problemas na política fiscal no curto prazo.
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