domingo, 21 de junho de 2009

Perspectivas Econômicas - As Américas - FMI / Junho de 2009

De modo a reiterar seu comprometimento com a informação publicada pelos organismos internacionais, somente aqui no blog Economia Prática, você confere um resumo qualificado do tratado no recém lançado Regional Economic Outlook – Western Hemisphere (disponível para download em (1). O documento explicita vários aspectos da economia nas Américas. Confira.

PANORAMA PARA OS ESTADOS UNIDOS

Há apenas dois anos atrás, nos Estados Unidos, o crescimento econômico era robusto, onde abundava liquidez para a especulação no mercado de ações e aquisição de empréstimos para a compra de imóveis (hipotecas). As principais instituições financeiras aproveitavam-se de um marco regulatório fraco para criar novos “produtos”, de alta lucratividade e risco teoricamente baixo, mediante um processo de inovação obtuso e sem segurança comprovada. O alicerce de tal comportamento era o aumento contínuo do valor das residências (e o incentivo conseqüente para a construção civil); contudo, quando se iniciou um processo de rachaduras em tal base, isto é, deflação no valor dos ativos e paradas nas obras, a verdade tornou-se visível: os tomadores de empréstimo, endividados e insolventes, não poderiam pagar os bancos, gerando um efeito dominó de retenção de crédito e aumento da taxa de juros generalizada na economia.

Esse panorama de default causou a falência de instituições como o Lehman Brothers, forçando a Reserva Federal há iniciar uma política de recapitalização bancária holística (discutida calorosamente no meio político e econômico), com o intuito de evitar uma crise sistêmica. Apesar de tais medidas, os spreads continuam relativamente altos, tanto para pessoa jurídica quanto física. Tendo em vista a ineficiência da política monetária por si só na resolução do problema da crise, a política fiscal foi acionada através da aprovação de um Plano de Estabilidade Financeira (2) pelo Congresso de 5% do PIB a ser gasto na renovação da infra-estrutura, saúde, educação e na reoxigenação do sistema financeiro.

Segundo a análise do FMI, os Estados Unidos, que já está em recessão desde dezembro de 2007, não apresenta chances de recuperação satisfatória no primeiro semestre de 2009, o que preocupa os mais de 600 mil afetados pelo desemprego (8,5% da PEA). A projeção de crescimento encontra-se atualmente em -2,8% para 2009, visto que, um dólar forte inibe as exportações e uma inflação baixa internamente, as importações.

PANORAMA PARA O CANADÁ

Cerca de três quartos de suas exportações têm destino como os Estados Unidos, logo, a atual crise está sendo sentido na sua plenitude no Canadá, onde se registrou contração do PIB em 3,4% no último semestre do ano passado. No entanto, esse país localiza-se em uma posição benigna (fruto de superávits primários e estabilidade de preços), além de contar com instituições bancárias com sólidos balanços, produto de um marco regulatório organizado e avesso ao risco (3). Dessa forma, os efeitos da execução das políticas monetária e fiscal serão amplamente impactantes na economia como um todo, porém só no médio prazo.

(1) http://www.imf.org/external/pubs/ft/reo/2009/WHD/ENG/wreo0509.htm
(2) Financial Stability Plan – disponível para download, em inglês, em http://www.slideshare.net/LegalDocs/us-financial-stability-plan-2009
(3) Os balanços estão em equilíbrio. Contudo, ao passo que a queda da atividade econômica e a deflação mantenham continuidade, irá vingar uma postura cautelosa nos empréstimos.

3 comentários:

João Melo disse...

Grande Matheus, valeu pela dica. Você merece postar mais. Deixa a preguiça de lado e escreva rsrsr
Abraço,
João Melo, direto da selva

Anônimo disse...

Boa análise, estou neste instante estudando globalização financeira. Valeu pela tradução, abraço.

Unknown disse...

Parabéns pelo artigo, mais uma bela tradução.
Publica mais, faz falta.