Como parte da abordagem globalizante desde blog, trago, hoje, um texto sobre o Vietnam, tratando um pouco de sua história e de suas potencialidades como economia de mercado (e, claro, dos seus gargalos). Ressalto novamente que o blog não tem objetivos políticos e, qualquer que seja a análise aqui exposta de um governo ou de outro, não reflete preferência partidária, mas simples análise dos dados disponíveis e da idéia norteadora de desenvolvimento, isto é, a informação livre – desenvolvimento como liberdade.
Suprimindo as origens pré-históricas (se alguém tiver curiosidade, pode procurar na Wikipedia), saltamos ao ano de 1954, quando os franceses são derrotados na batalha de Diem Bien Phu, fato esse que corroborou para o armistício criador de dois estados: Vietnã do Norte, sob controle de Ho Chi Minh, comunista (URSS) e o Vietnã do Sul (EUA), sob vigência de uma monarquia (que durou cerca de 1 ano, sendo substituída pelo presidencialismo). Mesmo com a dita pax, a guerrilha comunista (Vietcong) continua com suas atividades no sul, em busca da restauração do estado uno (via deposição do presidente Ngo Dinh Diem). Oficialmente, a Guerra do Vietnã se inicia em 1959 (entre militares do sul e guerrilheiros), sendo que os EUA participam ativamente a partir de 1965, via bombardeiros na capital comunista Hanói e obstrução de portos, gerando falta de distribuição de alimentos. Contudo, em 1975, depois de diversas mortes e sob pressão pública, os americanos resolvem deixar o território, e, por fim, os comunistas executam a reunificação (1976). Outros eventos se sucedem, com a invasão vietnamita do Camboja (aliado dos Chineses), o que afunda o país em uma séria crise econômica, visto que, além dos custos de guerra, havia o bloqueio comercial dos Estados Unidos e de outras nações aos produtos oriundos do Vietnã.
Desde 1976, as reformas propostas pelo planejamento central eram tímidas no que tange à liberalização do mercado (mesmo que a vida no Vietnã dependesse dos recursos estrangeiros diretos). O regime produtivo agrícola era no seu interior ineficiente, pois se sustentava na base da coletivização (grande parte do que era produzido ía para as mãos do Estado "distributivo"), o que sugere que a falta de alimentos de forma frequente no século passado (especialmente até os anos 90) não fosse surpresa para ninguém. A mudança cabal em direção à eficiência e atração de investimentos iniciou-se em 1989, a partir da constatação de que a estrutura vigente (baseada na URSS, que patrocinava o país financeiramente) era insustentável, e o cabedal de escolhas era restrito: deveria-se abrir a economia ao mercado. A primeira política aplicada foi o ataque à hiperinflação, com a restruturação da tributação sobre empresas e indivíduos, liberando os agentes econômicos a buscar a maximização de seus recursos financeiros (antes direcionados ao consumo / produção regulado e forçado), e posteriormente, a recuperação das parcerias comerciais perdidas. Contudo, a estrutura política mantém-se até hoje de cunho leninista, o que restringe a expansão da base literata, via controle de publicações, aos moldes do que ocorre na China ( não é somente saber ler e escrever, mas toda a profissionalização consequente da mão-de-obra e sua consciência individual).
Em se tratando da questão atual, fomos informados pelo banco central do Vietnã que a inflação em 2007 foi de 14,1%. Isso indica que o país foi afetado, como vários outros (Brasil, China, Inglaterra, Índia), por uma espiral inflacionária no que tange aos alimentos e combustíveis em nível global. Há de se reconhecer a contribuição à tendência dita acima pelo intenso crescimento registrado no Vietnã no ano passado (8,5%), o que fomentou a atividade bancária (37% a mais de empréstimos em comparação ao ano passado), e a demanda por materiais de construção e equipamentos (dependente de importação, na sua maioria). Segundo a entidade, a política a ser empreendida será: readequar a taxa de inflação ao um nível menor do que o crescimento bruto (PIB). De que forma? 1) Através da paulatina desindexação dos preços dos alimentos e combustíveis, tornando-os mercado-orientados; contudo, a falácia na atitude real é gritante, visto que a própria cadeia de distribuição é deverás antiquada, o que poderia gerar pressões da população, prejudicando futuros investimentos no país; 2) por meio de investimentos pesados, ancorados pelo Banco Mundial, em energia elétrica e infra-estrutura, reduzindo assim os custos brutos de transporte e distribuição (não existe mais a ajuda externa e o gasto descontrole dos idos soviéticos, é bom lembrar); 3) apreciação do dong: o Banco Central informou que irá abandonar, paulatinamente, a política de desvalorização forçada do câmbio, via retirada de controles sobre a entrega de capitais especulativos (fenômeno que ajudou na valorização do mercado de capitais vietnamita) e também da entrada de investimento externo direto. Essas três medidas, se forem efetivamente cumpridas, diminuíram a inflação no médio prazo, mas não sem prejudicar os exportadores de produtos agropecuários e, outrossim, a rentabilidade dos negócios de alta tecnologia, como fábricas da INTEL e de grandes empresas de serviços como a SAP, Infosys e etc.
Com um futuro realmente promissor, em especial pela efetivação da posição de economia de mercado até 2012 (via supervisão da Organização Mundial do Comércio (do inglês World Trade Organization, WTO), o Vietnã tem de se preocupar em viabilizar a melhoria de seus indicadores sociais (literação, pobreza, saúde) e também na sua infra-estrutura (talvez, por meio de privatizações ou PPPs) , conluindo para aumentar a participação no mercado mundial, casada com o aumento já iniciado na média salarial, de modo que mantenha a demanda interna aquecida, isto é, uma política de várias facetas.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Vietnã: da balbúrdia socialista à economia de mercado
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