domingo, 25 de novembro de 2007

Perspectivas Econômicas - As Américas - Parte 2

Dando seguimento ao estudo, estabeleço liame com o que foi tratado no final de semana passado à custa do setor financeiro.

Mesmo com as turbulências que vêm ocorrendo no mercado financeiro, felizmente, a ALC (América Latina e Caribe) mantém um cenário de crescimento robusto, suportado pela apreciação do valor das ações, derivativos e securitizações. Verificaram-se também correções - nos meses de julho e agosto – visto que havia o temor de transmissão generalizada através dos mercados dos países em desenvolvimento da terrível tendência de queda na cotação dos ativos (isso ocorreu, entretanto, de uma forma branda e se nota recuperação consistente). A conseqüência da estrutura madura no tocante aos aspectos macroeconômicos fez com que a

liquidez não fosse extinta (ao contrário do que se viu nas bolsas do Japão e países europeus, e que obrigou os respectivos bancos centrais a intervir no mercado, injetando somas estrondosas de recursos).

Outro ponto sensível da economia, a concessão de crédito, indica tendência de crescimento de 20% ao ano, impulsionado pela demanda de crédito ao consumidor e às instituições privadas (conforme Box ao lado). A fonte dos recursos é majoritariamente da poupança local, não se dependendo de recursos externos relevantes, o que poderia causar instabilidade na composição dos passivos do sistema bancário. Porém, dentro dessa perspectiva de relaxamento de critérios para se aproveitar a oferta de crédito, a fiscalização junto aos bancos se torna indispensável, evitando medidas de expansão de curto prazo, altamente tentadoras. Não nos esqueçamos, igualmente, de que as IPO´S (do inglês, Initial Public Offerings, o que significa Oferta Inicial de Ações – ver Box abaixo) constituem uma opção atraente para empresas que necessitam de capital para financiar seus investimentos e/ou adquirir novas empresas, aumentando seu cabedal de atividades.

A evolução externa das economias do bloco latino-americano é representada, em suma, pelas commodities (petróleo, metais e produtos agrícolas), as quais registraram estagnação em seus valores, enquanto o volume de importações está latente e variando em porcentagem muito maior à exportação. Essa tendência levará ao déficit em transações correntes num futuro próximo. Em se considerando a crise financeira, ocorrida no final do segundo quadrimestre, percebeu-se que o mercado em geral não foi afetado diretamente (apesar de alguns dias de desvalorizações das moedas locais), seja pelo seu tamanho irrisório ou, talvez, pelos seus aspectos macroeconômicos rígidos, isto é, o uso das reservas dos bancos centrais não foi a ferramenta de estabilidade do câmbio ( a não ser na Argentina). A principal fonte de capital estrangeiro ainda latente é o IED, contudo, abaixo dos níveis registrados na época das privatizações, devido isso em parte pelo aumento da participação de multinacionais oriundas de nosso continente, com voracidade por aquisições em outros países.

A política monetária, em seu escopo regional, apresenta características conflitantes. As operações de esterilização (venda de títulos públicos para diminuir o agregado monetário e reduzir a valorização cambial, a qual é atora na perda de competitividade) estão em voga com vistas a controlar um possível surto inflacionário. Ao mesmo tempo, é exposta a possibilidade de redução da demanda externa no médio prazo. Não é de se esperar, porém, que o uso de medidas centralizadas seja suficiente para conter a inflação, gerada em princípio pelo aumento do consumo nas economias latino-americanas, o qual é acompanhado de perto pelo reajuste no valor das commodities como petróleo e alimentos no mercado de futuros. Meios mais enrustidos como o controle de exportações, taxação leviana de importações e acordos de preços não são descartados e já fazem parte das opções de Argentina e México.

Na próxima postagem, confiram política fiscal e social da América Latina, além de reflexões sobre a sustentabilidade do seu crescimento

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