domingo, 18 de novembro de 2007

Perspectivas Econômicas - As Américas - Parte 1

Neste final de semana e nos próximos dois, continuo com a abordagem peculiar de nosso blog, e trago à apreciação de todos um apanhado geral do que é tratado no documento: Perspectivas Econômicas – As Américas, publicado pelo FMI, em novembro do presente ano. É importante ressaltar que, pela primeira vez, esse tipo de publicação é traduzido para a nossa língua-mãe, português.

No primeiro capítulo, antes de qualquer aprofundamento regional, é destacada a tendência de sustentação do crescimento mundial pelas nações em desenvolvimento, em especial China (10%) e Índia (8,5%), pois nações como Japão, Alemanha, Inglaterra (etc.) sofreram uma considerável perda advinda do problema da crise do subprime (ver Box 1), além de que a demanda externa caiu devido à valorização das moedas respectivas (ien, euro, libra) em relação ao dólar.

Box 1
Ainda nesse capítulo, observam-se inferências sobre as tendências de crescimento para os EUA. Há de se destacar que, com a redução do investimento imobiliário e a conseqüente baixa nos preços das residências, ocorrerá consumo menor do que o esperado, esfriando a demanda interna. Contudo, com a manutenção do crescimento robusto anual da ordem de 4,7 % do PIB mundial, as exportações líquidas serão estimuladas. Não se pode, no entanto, julgar que as medidas do FED (Banco Central Americano) sejam suficientes para recolocar nos eixos toda estrutura anterior da economia americana, visto que: i) não se sabe até que ponto chegará à retração no mercado imobiliário e, caso o número de mutuários inadimplentes aumentar, a correção no valor de seus imóveis e de sua renda poderá ser realmente preocupante; ii) ademais, o sentimento de dúvida percorre todos os transeuntes da estrada dos ganhos fáceis, arrojando os controles sobre empréstimos concedidos tanto para fins de consumo, tanto quanto investimento.

Box 2
No segundo capítulo passa-se a analisar as perspectivas para a América Latina e o Caribe. Segundo o documento, na página 8: “os riscos de que o crescimento fique aquém do esperado aumentaram, e há alguns sinais de que as melhorias nos fundamentos que servem de base à robustez econômica da região podem sofrer um retrocesso”. Como atores da possível desestabilização: aumento da inflação, das importações e das despesas correntes, corroborando para o declínio do superávit de conta corrente e o fiscal. Em se tratando da América Latina, prevê-se que o crescimento continue da ordem de 5% para 2007 e 2008, principalmente, pela estabilização verificada no preço das commodities (com referência para: Brasil, Argentina, Chile, Peru, Bolívia) no mercado internacional e, outrossim, pelo aumento do consumo interno nas economias que fazem parte dessa porção territorial (Ver Box 2). Por outro lado, nos países da América Central - tradicionalmente importadores de commodities -, a base do crescimento tem sido o investimento e a expansão das exportações de produtos semi-manufaturados (que tem entrada isenta de vários impostos nos EUA, por exemplo). Outro destaque positivo foi a formação do CAFTA-DR: Acordo de Livre Comércio da América Central – República Dominicana, o qual sinaliza a construção de metas conjuntas para se combater problemas estruturais como a pobreza, educação e energia. Em países caribenhos, houve o problema do furacão Dean, um entre vários, acabando por responder pela redução do PIB regional em cerca de 1% (efeito limitado).

A inflação continua baixa pelos padrões históricos (ver Box 3). Em alguns países, como Colômbia e Uruguai, verifica-se um aumento progressivo das taxas registradas, aproximando-se das metas dos respectivos bancos centrais, pois existe ebulição da demanda interna. A alta dos preços dos alimentos verificada desde 2006 contribuiu para aumento das taxas inflacionárias em muitos países, a qual acarretou na implantação de medidas para diminuir a pressão sobre os alimentos, aqui agrupadas sob aspecto geral:

  • Liberação mais ampla das importações;
  • Diminuição temporária da alíquota de tributos, como IVA (na Venezuela e no Uruguai);
  • Proibição de exportações de certos alimentos ou aumento da alíquota do imposto de exportação (medidas impostas por Nestor Kichner e que afetaram o Brasil na semana passada, por exemplo, no preço final do pão francês);
  • Negociação com os produtores / distribuidores no que diz respeito a produtos de primeira necessidade (México)

Box 3

Houve também, o aumento da demanda interna, saciado pelo aumento das importações principalmente, visto que se percebe a existência de “hiato de produto” (mais explicações na página 13 do documento), o qual é, em parte, causado por restrições de curto prazo da oferta, situação que amplifica a questão do desemprego.

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