quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tradução The Economist - The Other D-Word

Segue abaixo um artigo traduzido da revista The Economist sobre a economia japonesa. O artigo em inglês pode ser lido em http://www.economist.com/businessfinance/displaystory.cfm?story_id=14943913

A doente economia japonesa

A OUTRA PALAVRA COM D

Está o Japão de volta na armadilha deflacionária?
Enquanto que recentemente os investidores tem estado divagando sobre a grande dívida, outra maligna “D-palavra” voltou a assombrá-los. Na sexta-feira, 20 de novembro, o gabinete japonês publicou um report mensal que pela primeira vez desde 2006 reconheceu que o país estava sofrendo deflação.

Os preços ao consumidor tem estado verdadeiramente caindo por meses; contudo, o passo de declínio acelerou durante o verão. Em setembro, os preços caíram em 2,2% comparado com o ano anterior. Isso é em parte devido ao país ainda estar repleto de capacidade em excesso depois do colapso das exportações no decorrer da crise financeira global, e também porque os preços do petróleo eram menores neste setembro, comparado com o mesmo mês do ano anterior. Há, todavia, mais problemas estruturais. Com o declínio da população, por exemplo, os varejistas são forçados a cortar preços para ganhar market share.

Não é coincidência que o novo governo de Yukio Hatoyama escolheu o dia quando o Banco do Japão estava sediando a reunião para estipular a taxa de juros e fazer estardalhaço sobre o assunto. Ambos o primeiro-ministro e o ministro da fazenda fizeram comentários preocupados. A sua sutil mensagem para o BJ foi clara: remova as medidas de estimulo monetário por sua conta e risco. Depois de dois dias de encontro, o BJ deixou a sua taxa inalterada (0,1%) e continuou a usar outras medidas, como a compra de títulos do governo, a qual acredita tornar a política monetária “extremamente acomodativa”

Porém o BJ não dá a impressão que está particularmente preocupado com os preços. Acredita que ainda não existem sinais claros de comportamento deflacionário nas corporações ou no público em geral, e que uma recuperação na demanda privada irá eventualmente retirar a economia de sua tendência de queda.
Alguns economistas vêem tal postura como uma complacência perigosa. As próprias previsões recentes do BJ predisseram que uma mudança ano-a-ano no IPC, excluindo-se alimentos, seria negativa nesse ano, no próximo e em 2011. Na quinta-feira, a OECD emitiu uma forte injunção ao BJ para lutar contra a deflação através do comprometimento de manter as taxas de juros em baixa e da implementação de medidas de quantitative easing até a inflação tornar-se “firmamente positiva”. Alguns advogam passos mais radicais para reinflacionar a economia, tais como cobrar os bancos no momento que depositam no BJ. Proponentes dessas medidas temem que os negócios irão retrair-se.

Da mesma forma, o governo deseja que o BJ mantenha sua parcela para estimular o crescimento, por que o déficit fiscal já está projetado a chegar em 10% do PIB no próximo ano e ainda existem as promessas de campanha. O governo deu-se uma dose de boas notícias em janeiro quando foi reportado que o crescimento econômico tinha crescido no terceiro trimestre, chegando a 4,8% em uma base anualizada, o qual foi melhor do que esperado. Mas a maior parte da variação foi devida ao gasto público; a demanda doméstica estava ainda fraca e o deflator da demanda-doméstica (uma medida de inflação excluindo os efeitos relacionados aos preços de importação e exportação) foi o mais baixo em mais do que 50 anos, de acordo com a Lombard Street Research, uma consultoria econômica.

Entretanto, não é só o BJ que precisa fazer mais para combater a inflação. O governo do senhor Hatoyama, desde setembro no cargo, até o momento, tem falhado em lançar políticas econômicas claras. A proposta dele é reequilibrar a economia por meio da demanda doméstica, contudo, não está claro como pretende fazê-lo. Entrementes, foi sugerido mexer com as práticas salariais e de contratação/demissão que os exportadores dizem iria enfraquecê-los em um tempo que eles já estão esforçando-se para resistir a um forte yen.

Aumentar a tendência de crescimento do Japão iria ser difícil, em se considerando o envelhecimento e diminuição da população. Porém, não é impossível: a produtividade poderia ser aumentada dramaticamente, em especial, no setor de serviços. Um período sustentado de alto crescimento iria ter uma efeito duplo de acabar com os problemas da dívida e da deflação. Se o susto dos duplo-D nas últimas semanas ajudar a convencer o governo do Sr. Hatoyama disso, seria um bom sinal. Tristemente, não se pode contar com isso.

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