domingo, 6 de setembro de 2009

Tradução da Revista The Economist - "Follow the money"

Confiram abaixo um artigo sobre a oferta de crédito e suas alocações, no caso da China. Tradução livre, sendo que o original (em inglês) está disponível para download em http://www.economist.com/businessfinance/displaystory.cfm?story_id=14327673

Empréstimos bancários chineses
Siga o dinheiro

HONG KONG
Onde a enxurrada de crédito está indo?

O aumento na concessão de crédito pelos bancos chineses nesse ano parcialmente explica a recuperação econômica daquele país de forma mais rápida em comparação a outras grandes economias. Se, como muitos investidores temem, o governo já fechou a torneira creditícia, isso poderia comprometer o crescimento econômico. Um olhar atento às estatísticas, entretanto, sugere o contrário.

Novos empréstimos bancários, realmente, diminuíram consideravelmente em julho, para 356 bilhões de yuans (US$ 52 bilhões de dólares) de 1.52 trilhões de yuans em junho. "Empréstimos bancários na China caíram em 77%", diziam as notícias. Contudo, os empréstimos sempre desaceleram na segunda parte do ano; o passo de crescimento em doze meses é uma melhor medida. Em análise ano-a-ano, os empréstimos cresceram um impressionante 34% em julho, semelhante a junho. Ademais, a queda em novas concessóes em julho majoritariamente refletia uma queda nas contas de curto-prazo; empréstimo de médio e longo prazo para firmas e famílias continuaram a crescer fortemente. E uma grande parte dos depósitos às empresas, feitos no início do ano, foram dirigidos às contas correntes. Então, apesar de lucros em queda, os depósitos (poupança) corporativos subiram para 35% sob análise dos últimos doze meses. Isso as deixa com dinheiro de sobra para financiar investimento, e dessa forma sustentar a recuperação, mesmo com o aperto pelo lado governamental.

Que sobre a preocupação geral que uma quantidade não saudável de novos empréstimos ter sido usada para especular nos mercados acionários, deixando bancos perigosamente expostos? Os bancos chineses são oficialmente proibidos de emprestar a investidores para a compra de ações, contudo, o dinheiro é intercambiável. Firmas podem direcionar empréstimos oferecidos ao investimento para apostar na bolsa de valores. De acordo com uma estimativa largamente utilizada, 20% de todos os novos empréstimos desse ano tiveram como destino o mercado acionário. Some-se construção civil e commodities, e quase a metade de todo o dinheiro concedido pode ter acabado nesses três mercados há pouco mencionados.

Tao Wang, um economista do UBS, reconhece que essas estimativas são irresponsáveis. Baseado em informações publicadas, novas entradas de dinheiro na bolsa de valores e o total de importações de metais juntos registraram o valor de 660 bilhões de yuans na primeira metade do ano. Isso é equivalente a menos do que 10% de tudo que foi emprestado, e somente uma fração do que poderia racionalmente ser financiado por empréstimos. Grande parte daquele, 12%, foi direcionado a imóveis, no entanto, não por especuladores, mas de parte de pessoas que estavam adquirindo sua primeira moradia.

Alguns dos empréstimos certamente foram para os mercados acionários, diz Ms Wang, mas a maioria foi parar na economia real, mormente investimentos em infra-estrutura. Mesmo com uma pequena fatia indo para a bolsa de valores (mais a expectativa de muito ainda ir) ainda se poderá verificar um grande impacto nos preços. Porém, até o momento, tais riscos ainda são exagerados.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito explicativa a reportagem da The Economist. É uma das melhores revistas de economia do Mundo. Parabéns pelo trabalho.

Muito Bom teu site.

Um abraço

Gustavo
http://www.agorars.blogspot.com/

Anônimo disse...

Bom, meu comentário nao vai agregar muita coisa.

Primeiramente desconheço os numeros da economia chinesa, mas continuo em minha opiniao que é necessário uma mudança muito drastica na economia, politica e sociedade da China para que ela se torne uma potencia.

Enquanto isso, ainda a vejo como uma regiao meramente produtora de bens baratos, um socialismo as avessas em meio a um ambiente capitalista.