segunda-feira, 21 de abril de 2008

Tradução do texto - "The silent tsunami"

Segue abaixo a tradução do texto publicado na revista The Economist, chamado The silent tsunami, disponível no original em inglês em: http://www.economist.com/opinion/displayStory.cfm?Story_ID=11050146, como base para compreensão de minha postagem posterior sobre a crise nos preços dos alimentos.

Imagens da fome sempre mostram olhos passivos e pessoas engolindo a seco. As colheitas falham por causa da guerra ou outros tipos de conflitos; a origem da crise é repentina e localizada. As suas conseqüências recaem sobre aqueles que estão na margem.

A situação atual é diferente. “É um tsunami silencioso”, diz Josette Sheeran do Programa Mundial de Alimentos, uma agência das Nações Unidas. A onda de inflação dos alimentos está se movendo ao redor do mundo, deixando revoltas e instabilidade governamental no seu caminho. Pela primeira vez em 30 anos, os protestos em relação a alimentos estão em erupção em diversas partes do globo. Bangladesh está em tumulto; mesmo a China está preocupada. Nos outros lugares, a crise alimentícia de 2008 irá testar a assertiva de Amartya Sen, economista indiano, que as grandes fomes não acontecem nas democracias.

Fome tradicionalmente significa extrema falta de alimentos. As medidas da crise atual são miséria e malnutrição. As classes médias nos países pobres estão renegando os custos de saúde e cortando as carnes para poder comer três refeições ao dia. Os realmente pobres, os quais recebem US$ 2 ao dia, estão tirando as crianças da escola e cortando os custos com vegetais, tendo em vista a obtenção do arroz. Aqueles com US$ 1 ao dia, estão evitando carnes, vegetais e uma ou duas refeições, para ainda dispor de um pouco de arroz. Aqueles, por fim, que contabilizam US$ 0,50, está à beira do desastre.

Aproximadamente, um bilhão de pessoas vive com US$ 1 ao dia. Se, numa estimativa conservadora, o custo dos alimentos subir em 20% (em alguns lugares, subiu muito mais), 100 milhões de pessoas podem ser forçadas a retornar a esse nível, medida comum de absoluta pobreza. Em alguns países, isso pode anular os ganhos em redução de pobreza alcançados durante a década passada de crescimento econômico. Por causa da confusão nos mercados, as revoltas civis estão aumentando, e, da mesma forma, o comércio e a abertura comercial em si podem ser dinamitadas, sendo que a crise de alimentos de 2008 pode se tornar um desafio à globalização.

Os países ricos devem tratar dos problemas alimentares tão seriamente quanto tratam os do crédito. Os responsáveis no Banco Mundial e nas Nações Unidas estão clamando por um “New Deal” para alimentos. O clamor é justificado. Mas encontrar o tipo correto de auxílio não é tão fácil, pois não existe uma solução única e, outrossim, alguma ajuda de curto prazo pode trazer conseqüências negativas para o futuro.

O ponto de princípio deveria ser que o aumento de preços é mais forte em alguns lugares do que outros. Exportadores de alimentos, e em países onde os agricultores são auto-suficientes, ou vendedores líquidos, beneficiam-se. Alguns países – como aqueles no Oeste da África, os quais importam produtos básicos para a sobrevivência, ou Bangladesh, com o seu grande número de trabalhadores sem-terra – arriscam-se à ruína e ao combate civil. Por causa da severidade lá, o primeiro passo deve ser remendar os buracos da rede de segurança alimentar do mundo. Isso significa financiar o Programa Mundial de Alimentação (do inglês, World Food Programme, WFP) corretamente. O WFP é o maior distribuidor de ajuda alimentar e a mais importante barreira entre pessoas famintas e a total desnutrição. À semelhança de uma família que é remunerada com US$ 1 ao dia em um país em desenvolvimento, o seu poder de compra foi reduzido com o aumento do custo dos grãos. Meramente para distribuir a mesma quantidade de comida como no ano passado, a WFP necessita – e deveria obter – um valor extra de US$ 700 milhões.

Os problemas em vários locais não são de total miséria, então a WFP deveria ter a permissão para expandir a sua missão. No momento, ela compra grãos e doa para áreas aonde existe pouco ou nenhum alimento. Isso é necessário para lugares realmente miseráveis, mas isso fere os mercados locais. Na maioria dos lugares, não existe escassez e o desafio é diminuir os preços locais sem causar grandes prejuízos aos agricultores. A melhor solução nesse caso é a distribuição de dinheiro, e não alimento – por meio do suporte de programas de proteção social e de alimento por trabalho aos pobres. A agência pode ajudar aqui, embora o principal – bilhões de dólares – terão de advir dos governos e de instituições de crédito do Oeste.

Essas ações são paliativas. A crise alimentar de 2008 revelou as falhas do mercado em toda a cadeia. Qualquer “New Deal” que tentar resolver o problema de longo prazo deverá abarcar a importância do pequeno agricultor.

Em geral, os governos deveriam liberar os mercados e não intervir ainda mais nos mesmos. Os alimentos são influenciados por medidas estatais a toda hora, de subsídios a empresas alimentícias (seja em qualquer parte da cadeia, desde a trituração do trigo, por exemplo, até o pão em si) ou para os agricultores deixarem as terras sem cultivo (reduzindo a oferta e pressionando os preços). A manutenção dessas cotas, subsídios e controles é objetivada a planificar as desigualdades internas que poderiam ser diretamente ajustadas no mais desregulada parte da cadeia: o mercado internacional.

Por décadas, a attitude supracitada colaborou para os preços baixos e trabalhou como desincentivo aos agricultores pobres. Agora, o oposto está ocorrendo. Como resultado de outra distorção governamental – dessa vez, subsídios para biocombustíveis no mundo desenvolvido – preços ultrapassam o teto. O governo exagerou ao passo que estipulou cotas de exportação (Argentina) e restrições ao comércio, pressionando os preços para cima novamente. No passado, o principal argumento para liberar a agricultura era que isso iria aumentar os preços e conceder incremento nos retorno do investimento na plantação. Agora que os preços estão altos, o argumento está servindo a razão oposta: liberalização irá reduzir preços, enquanto deixará os agricultores com uma renda decente.

Existe uma exceção quanto ao desligamento do governo da agricultura. Ele pode disponibilizar a tecnologia básica: executando projetos de irrigação de larga escala (capital intensiva), além das possibilidades dos pequenos agricultores empreenderem, ou pagando pelo conhecimento científico que ajuda a produzir sementes de alta produtividade. Mas se deve tomar cuidado. Freqüentemente – como na Europa, onde a superstição renega a modificação genética, os governos estão longe de desenvolver a tecnologia – isto é, acabam por atrapalhar os avanços. Com certeza de que o caminho para alimentar o mundo não é o cultivo de mais terras, mas o aumento do produto/hectare, a ciência é crucial.

A agricultura está no esquecimento. O mundo de alimento barato se foi. Com sorte e boas políticas, surgirá um novo equilíbrio. A transição será mais custosa e dolorosa do que se esperava. Mas as mudanças são desejadas, e os governos devem atentar para reduzir os efeitos malignos, mas não atrapalhar o andamento do processo.

Um comentário:

Unknown disse...

Bom resolvi, naum precisa mesmo do Java script...hahahahaha, mas garanto que agora sai um comentariozito...muito fera ae tua blogg...espero que tenha sucesso lá no intercâmbio...

Flwww...T++++

Boa semana