domingo, 13 de abril de 2008

XXI Fórum da Liberdade - assuntos tratados

Como a participação no XXI Fórum da Liberdade é complicada para a maioria dos leitores desse blog por questões de trabalho, abordo no presente texto – sucintamente - o que foi discutido no evento realizado em 7 e 8 de abril de 2008, nas dependências da PUC-RS, em Porto Alegre. Dependendo do andamento de cada painel, opto por me deter ou não em explanar o que cada um dos conferencistas isoladamente abordou. Para identificação de formação de cada palestrante, é possível consultar o link http://www.forumdaliberdade.com.br/novo/palestrantes.php.

Na segunda-feira, 7 de abril de 2008, em pleno anoitecer, foi iniciado o primeiro painel Agora, quem é o Mercado? sob a reflexão: “ que ente é este de que se ouve tanto falar, tanto se lê, tanto se discute, mas que poucos o definem de forma clara e objetiva?”. Fica claro que a introdução ao cerne da palavra mercado é fundamental para entendermos os ideais do próprio IEE (Instituto de Estudos Empresariais), o qual prega as benesses de um mundo não dependente da ação do Estado centralizador e ineficiente, mas fortificado pela ação individual em busca da realização de seus sonhos. Para o painel, foram convidados: Jorge Gerdau Johannpeter, Salim Mattar e David Feffer, sendo representantes das forças empresariais ¹. A saber, pelo agregado discursivo, os três conferencistas ressaltaram as dificuldades históricas do empresariado em levar adiante o seu negócio (juros, moratória, ineficiência educacional, tributos, estatismo, justiça lenta e pesada, pobre infra-estrutura etc.), além de destacarem que a visão do Brasil no exterior é maculada pelos fatos ocorridos no que tange a morte de turistas, ONGs tendenciosas (que recebem recurso público a fundo perdido), exportação de mulheres para fins de prostituição na Europa e a existência de movimentos como o MST. As soluções propostas são de cunho desregulamentar de questões como a trabalhista, cambial e tributária, de forma a liberar as pessoas e empresas para um caminho de infinitas possibilidades tanto no mercado interno como no externo, em resumo, libertação dos grilhões da ineficiência estatal. Essa vontade foi destacada por frases como: ‘ A democracia liberal é a que permite a verdadeira liberdade de mercado ‘; ‘ O mundo é hoje uma rede viral ‘.

Na terça-feira, 8 de abril de 2008, logo depois das 9 horas, encetou-se o segundo painel Livre Comércio: ameaça ou oportunidade – que trouxe como contendores: Ciro Gomes, Paulo Guedes e Tom Palmer. O foco das discussões era a relevância dos acordos bilaterais e multilaterais: a união das nações para o ganho de escala e as virtudes em relação ao consumidor, fora do limite simplório do consumo, alcançando a miscigenação de culturas e de costumes. Neste debate, contemplamos o esclarecimento prático (através de dados e gráficos) sobre absurdos divulgados aos quatro ventos pelos antiglobalizadores, a saber: “empresas investem em locais aonde os salários são mais baixos”; “importar é ruim” e etc. Duas mensagens significativas foram veiculadas por Tom Palmer: ‘ Se os bens não podem passar fronteiras, os exércitos atravessarão’ e ‘O comércio nos torna civilizados’. Não há como esconder o posicionamento de Ciro Gomes, o qual defendeu estritamente as ferramentas usadas pelo poder central (Estado) tanto no controle de inflação (política monetária rígida) e de que enquanto a utopia do mercado liberal não se torna liberdade, deve-se acreditar nas Bolsas de Tal - Tal e nos instrumentos de financiamento do governo (como o do BNDES, que favorece as empresas que não precisam do dinheiro público). Além disso, culpou até os Estados Unidos, pois lançam dólares no mercado sem lastro, contribuindo para a elevação dos preços. Preocupou-se menos com a existência dos tributos e da burocracia, infelizmente. A participação de Paulo Guedes foi efêmera.

No terceiro painel, perto das 11 horas, o tema foi Estados Nacionais e Mercados Globais, contando com a participação de Carlos Alberto Montaner, Miguel Bruno (no lugar do primeiramente convidado Márcio Pochmann, o qual simplesmente desistiu do debate, pois seria tripudiado pelas suas idéias de, por exemplo: tributar o conhecimento e controle da taxa de câmbio para fins protecionistas) e Rodrigo Constantino. De início, ocorreu o pronunciamento de Carlos Alberto Montaner, o qual foi focado na relatividade do significado de Estado Nacional (dita identidade fortuita que os países latino-americanos insistem em ostentar, prejudicando a edificação do MERCOSUL). Segundo ele, o que nos faz fortes é a capacidade de interagir, alcançando maior capacidade produtiva via contato competitivo, sendo isso em esfera pessoal e, principalmente, nacional. Por segundo, ouvimos Miguel Bruno e seus slides recheados de jargões econômicos indecifráveis para a maioria dos presentes no evento. Uma das piores apresentações, visto que desenvolveu um assunto como a “financeirização” através de intermináveis descrições constantes em seu trabalho de monografia. Poderia ter enviado por e-mail ao invés de se fazer presente. Por fim, Rodrigo Constantino, e sua postura totalmente liberal. Um dos únicos palestrantes que não utilizou o recurso de Power Point na divulgação de suas idéias. O seu discurso sintetizou as idéias extremas do pensamento liberal, aproveitando para usar como alvo o governo Lula e seus programas sociais (tema do livro Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT). Reiteradas são as críticas ao sistema atual de protecionismo existente no mercado global (tanto dos países emergentes, como dos desenvolvidos), contudo, nenhuma solução é proposta.

Por parte do quarto painel, Aquecimento ou Histeria Global, foram convidados Philip M. Fearnside e Luiz Carlos Molion. Apesar de ambos terem doutorado, Philip Fearnside apresentou uma série de slides com modelos climáticos obstrusos e gráficos de difícil compreensão para o público leigo. Como a sua retórica não era composta de argumentos palpáveis e comparações básicas, perdeu-se em suas estatísticas e acabou sendo ridicularizado por Luiz Carlos Molion, que por meio de uma explanação mais concisa e intensa (disponível para download no link http://www.forumdaliberdade.com.br/novo/apresentacao.php), derrubou velhos paradigmas, amplamente disseminados no documentário polêmico de Al Gore An Inconvenient Truth e também no documento do IPCC, em relação ao CO2 e ao aquecimento global. Depois do debate, ficou a constatação de que “até o momento, nada de concreto foi provado com relação à interferência humana neste processo. O fato é que conservação ambiental passou a ser confundida com aquecimento global e ninguém sabe aonde vamos parar com tudo isto” e a pergunta 'A quem interessa realmente esse alarde desconexo?'

No quinto e último painel, As reformas para aumentar a competitividade do Brasil, os apontados a discursar foram Pedro Sampaio Malan, José Luis Cordeiro e Henry Maksoud. Começando o discurso com Jose Luis Cordeiro, percebeu-se desde o início que seria o melhor de todos os palestrantes do evento, visto que, através de exemplos hilários (Starbucks x Cafezeiro da Colômbia e chapéu do Mickey x PDVSA), conseguiu sintetizar o foco que os países latino-americanos devem tomar em relação à política produtiva. Segundo ele, devemos voltar as nossas atenções à agregação de valor, e não se vangloriar do posto de “celeiro do mundo”, enquanto se coloca a pesquisa e desenvolvimento em segundo plano (falta o contato Universidade x Empresa, em especial, na questão da indústria, já que na agricultura é realidade: transgênicos). Em seguimento, tomou a bancada o Sr. Pedro Malan, com o discurso mais acadêmico possível, citando três características principais de uma economia desenvolvida: i) liberdade, ii) justiça social e iii) eficiência geral. Depois da auto-exaltação ao seu papel definitivo na equalização da moeda / inflação em tempos de Ministério da Fazenda, ponderou sobre a relevância de itens como educação, estabilidade macroeconômica, redução de barreiras ao FDI e participação da sociedade nas decisões políticas (é o corolário básico de informações, questões que, teoricamente, todo mundo sabe, mas não há aplicação prática). Por parte de Henry Maksoud, fomos obrigados a ouvir sobre um sonho dele com Mao Tse-Tung (temerário) e, além disso, algumas filosofias destrutivas em relação às instituições públicas.

Para finalizar o evento, foi convidado o atual presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles. Através de um resumo dos dados do último relatório Focus em diversos slides, pintou a conjuntura atual vivida pelo nosso país. Para quem olhar de forma descompromissada, perceberá que tudo está tudo nas mil maravilhas. Enquanto a taxa de juros é a mais alta do mundo, os especuladores cavalgam sobre a estrutura erigida pelo governo federal, no sentido de livre acesso aos nossos títulos com pagamento de tributos reduzidos.

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