domingo, 6 de janeiro de 2008

Regional Economic Outlook: Europe - Part 1

Sob a égide da preocupação informativa, detalho nos próximos finais de semana o conteúdo exposto no documento Regional Economic Outlook: Europe, disponibilizado em inglês no site http://www.imf.org/.

Com o fortalecimento dos fundamentos macroeconômicos vigentes na Europa, a questão da crise financeira não é de fato primordial, até o ponto no qual ela pode pôr em risco o acesso ao crédito, inseparável do crescimento no médio prazo. Conforme a receita já decorada do FMI, espera-se que todos os players da União Européia sejam conscientes da necessidade da consolidação fiscal, integração econômica e reformas estruturais (algo já direcionado à América Latina e Caribe, em documento anterior). Em 2007 a atividade econômica permaneceu firme, com previsão de que a área do Euro supere em mais de dois pontos percentuais ao crescimento bruto (PIB) dos Estados Unidos, ficando atrás somente da Ásia (conforme gráfico 1), em especial, por causa do movimento de convergência política, econômica e constitucional, instaurada no seio do crescente bloco europeu. Apesar disso, há o perigo da inflação galopante nas economias emergentes do bloco, indicando que, além da questão do preço do petróleo e dos alimentos, existe um sinal de que pode haver superaquecimento, devido ao claro aumento da demanda por bens e serviços (e à falta de capacidade instalada).

Há de se destacar que esses países periféricos não foram alvos diretos da falta de liquidez instalada em países como a Itália, Alemanha, Inglaterra e Espanha, os quais, por influência de seus bancos, estiveram intimamente ligados à problemática do subprime. Conforme tabela abaixo, o receio do empréstimo intra-bancário é ainda perceptível, obrigando os Bancos Centrais a injetar moeda no mercado, seja por meio da compra de títulos da dívida pública ou por leilões à taxa de juros baixas. Mesmo assim, isso não dirimiu a preocupação dos investidores, os quais responderam negativamente no mercado, reduzindo o valor de captação.
Após as turbulências registradas desde meados de agosto de 2007, percebe-se uma queda marcante na confiança do setor industrial (pela dificuldade na obtenção de crédito com taxas de juros competitivas) e do consumidor, indicando futura queda no investimento e na demanda interna por bens e serviços, além de interesse pela habitação (housing market). Posto que a aversão ao risco continua, será difícil aos bancos a operação de recuperação de crédito no curto prazo por meio de instrumentos de securitização, obrigando-os a esfriar a demanda interna, por restrição ao crédito. É um círculo vicioso. Todos querem manter a sua posição segura para o momento.

A base para a expansão das empresas pertencentes às economias emergentes do Leste Europeu, especialmente aquelas da Bulgária,
Croácia, Estônia, Hungria e Letônia foi, majoritariamente, via crédito das grandes instituições bancárias das nações desenvolvidas do continente, as quais poderão estipular mudanças nas taxas de juros remurantes aos empréstimos de longo prazo, dificultando o restabelecimento do equilíbrio das contas externas. Será a ocasião propícia para a reforma institucional dentro da égide dos Estados soberanos, evitanto, assim, consequências sorumbáticas no médio prazo, inclusive, para o setor público.

As entidades que controlam a política macroeconômica - Bancos Centrais - estão sendo obrigados a reagir de forma cuidadosa, equilibrando a participação na expansão de liquidez (via métodos supracitados) com a responsabilidade sobre os níveis de inflação (aí diretamente ligado à economia real). Casos particulares de instituições em dificuldades devem remediados para reduzir as consequências negativas para a sociedade (ilustrando essa situação, podemos citar o Northern Rock, banco inglês dedicado a hipotecas, que sofre agora sanções públicas e corre o risco de ser até estatizado). A busca legislativa pela transparência nos balanços contábeis do setor privado é, mais do que nunca, fundamental para a reconstrução inerente das estruturas abaladas pela disrupção de tamanha hecatombe no mercado financeiro, por vários canais de transmissão.

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