
Depois de uma passagem importante pelo meio acadêmico, Muhammad percebeu que as respostas advindas do tirocínio retirado dos livros teóricos não se aplicavam ao combate à pobreza de seu país. Certa vez, afirmou: “comecei a achar que minhas aulas eram uma sala de cinema onde podíamos relaxar, tranqüilizados pela vitória certa do herói”. Quando se voltou para o mundo real, verificou que em se utilizando algum meio de empréstimo, as pessoas menos favorecidas poderiam aplicar seus conhecimentos, de modo que pudessem gerar sua própria renda, aumentando sua “qualidade de vida” (termo que se colocado como tópico de comparação internacional não é deveras condizente com a realidade). Além dessa constatação, critica o Banco Mundial pela sua atitude dita superioridade organizacional: “a contratação de grandes cérebros não se traduz necessariamente em políticas e programas que ajudam as pessoas, particularmente os pobres. De que adianta serem eles os melhores do mundo, se pairam acima das nuvens e não conhecem a vida terrena? O Banco Mundial devia contratar pessoas que entendessem o pobre e a sua vida. Esse conhecimento tornaria esta instituição mais útil do que é atualmente”. Essa é uma verdade que atormenta a instituição, que passa por uma crise de existência, já tratada em artigo na revista Global Finance. Várias outras características como a primazia de empréstimos às mulheres, por meio da formação de grupos de entre – ajuda; estrutura bancária com estipulação de princípios flexíveis ao local onde a agência está instalada, e ausência das burocracias presentes no sistema geral são pilares de uma nova face em relação ao que pode ser feito para mitigar a pobreza em nível municipal, regional e mundial.
Indubitavelmente, indico esse livro para as pessoas que buscam conhecer uma atividade posta em prática não somente em Bangladesh, mas também em cerca de 140 países ao redor do mundo. Ele demonstra que o pobre não é inferior em capacidade criativa a qualquer outro cidadão de posição superior no estrato da pirâmide social, e que ele necessita sim de um suporte financeiro, mesmo que ínfimo para os parâmetros monetários comuns, de forma que possa vencer os grilhões e preconceitos inerentes aos nossos juízos de valor, calcados mais em lendas do que em dados concretos.
Um comentário:
Que maravilhos deve ser este livro, Matheus!!
Puxa! Como é bom saber e ver que as desigualdades são vistas de forma a serem solucionadas, por pessoas inteligentes como o autor deste livro.
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