domingo, 2 de setembro de 2007

Economic Issues 36 - Preserving Financial Stability - Parte 1

Como parte do estudo sobre a crise do mercado financeiro internacional, coloco à disposição de todos um apanhado geral do que é comentado no documento disponível para download no site do FMI (http://www.imf.org/) - Economic Issues 36 / Preserving Financial Stability - que trata especificamente sobre as políticas empreendidas pelas nações desenvolvidas e subdesenvolvidas para "blindar" suas economias dos corriqueiros choques externos (como a atual crise do subprime, tratada em texto anterior).

Prefácio

Com o passar das últimas três décadas, o mercado financeiro sofreu modificações singulares e grande expansão nos volumes de negócios, mormente, devido à desregulamentação, globalização e evolução dos sistemas de informação, em especial, a internet. A facilidade na troca de experiências e no controle das transações financeiras induz ao aumento da concessão de crédito e opções para aplicação produtiva (na aquisição de bens de capital e R&D) como também a intenção especulativa (ações, títulos da dívida dos emergentes) e, outrossim, para a segurança em um futuro próximo (renda fixa, CDI).

Dentro desse panorama, constatamos que o mercado global é complexo e que o desafio para a identificação e tratamento de riscos ainda está na sua infância, no que tange a procedimentos.


Preserving Financial Stability


É fato que as legislações referentes ao sistema financeiro mundial não evoluíram de maneira significante nos últimos tempos e podemos indicar como aspectos específicos: i) o sistema financeiro expandiu-se mais do que a economia real; ii) o perfil das aplicações mudou; iii) o sistema financeiro é interdependente, pelas suas ramificações mil; iv) há grande mobilidade de riscos.

O interesse pela manutenção do equilíbrio financeiro global é de interesse de entidades como o FMI, Banco Mundial e OCDE, tanto que lançam documentos periódicos com dados indicativos de possíveis disrupções ao bom andamento do mercado (que apresenta grandes assimetrias de informação, apontadas em trabalhos de Joseph Stiglitz) e, portanto, alocam recursos de maneira, amiúde, irracional, isto é, contra as explicações neoclássicas. A estabilidade dos mercados não é alcançada pela ausência de crises somente. A conjuntura tem de agregar outros aspectos, tais como: facilidade de alocação dos recursos econômicos mediante todos os canais (poupança, investimento, ações) e controle do que está sendo feito através do capital que circula pela economia.

Indispensável entender que o sistema financeiro é formado por três componentes: infra-estrutura (estrutura de pagamentos, sistemas de contabilidade), instituições (bancos, empresas de seguros, investidores individuais) e o mercado (ações, títulos, debêntures e derivativos), sendo que são correlacionados e em constante fluxo. Muitas vezes, entram em combate com as políticas macroecômicas primárias de nações soberanas, por exemplo: depósitos compulsórios dos bancos, imposto de renda sobre quaisquer movimentações financeiras e etc.

Os três principais adventos oriundos do insuficiente entendimento do mercado e seu devido controle são:
  • Redução da transparência. Por exemplo, imagine um banco de investimentos que compra ações de uma empresa em Hong Kong (que não dispõe de balanços e informações contábeis responsáveis) e disponibiliza fracionadamente um fundo para participação nos resultados sem ao menos saber se o que está fazendo tem segurança jurídica e saúde reciprocial. É praticamente impossível a ação governamental no que diz respeito à fiscalização.

  • Dinâmica do mercado. Compras e vendas de ações ocorrem em fração de segundos e têm sido o melhor local para as empresas adquirirem fundos para seus investimentos de longo prazo ao invés do jugo e altas taxas de juros aplicadas pelos bancos comerciais.

  • Problema m0ral. O governo precisa trabalhar como segurador das relações de negócios, seja como última fonte de liquidez (vide liberação de dinheiro na economia, como foi feito pelo BCE e o Federal Reserve na semana passada) e por meio da obrigação imposta aos bancos de segurança dos depósitos (ao menos parte deles).

Na próxima semana, dou continuidade ao apanhado inicialmente exposto nesse domingo.

Nenhum comentário: