Mesmo sendo o 17° colocado no ranking de publicação de artigos científicos no mundo, o investimento em P&D vem caindo desde 2000 (ver gráfico 1), o que demonstra um paradoxo latente e preocupante para a sociedade. Além disso, no documento referendado pela WEF (em português, Fórum Econômico Mundial), que demonstra a tendência dos países em desenvolvimento estarem relacionados a cada dia mais com o movimento global de reinvenção das coisas, a participação das corporações é nula, obscurecidas, é claro, pelas gigantes asiáticas, européias e norte-americanas.
Essa constatação não mostra um acidente de percurso advindo do curto prazo, mas sim uma perspectiva desenvolvimentista histórica, desde os idos da substituição de importações e que agora constituí-se em investimentos parcos do governo (60% do total), ao passo que, nos EEUU, 70% do montante reservado à P&D vem dos cofres privados(ver gráfico 2).

É claro que a fonte de financiamento à inovação não pode vir do deficitário Estado, o qual nem tem verbas para aplicar em infra-estrutura, mas sim da indústria, a qual deve ser agente direta de intercâmbio com as instituições de ensino federais e privadas, no que diz respeito ao desenvolvimento de novos produtos ( com divisão de royalties das patentes) com o apoio governamental no tocante ao aspecto jurídico regulamentar e nas discrepâncias tributárias. Unidos, as arestas existentes desaparecerão permanentemente.
Um exemplo de trabalho conjunto é do etanol. O nosso país é o maior produtor e exportador dessa commodity, produzida através da cana-de-açúcar. Ela é produto de um trabalho inicial desenvolvido pelo governo central, sob supervisão da Embrapa, o "Pró-Álcool", o qual estabeleceu diretrizes estratégicas, ao passo que os usineiros investiram em produtividade (novas tecnologias). Claro que esse fato é quase isolado em nossa conjuntura (quero que alguém de outro exemplo, a não ser a EMBRACO e a EMBRAER).
A idéia da retomada dos contratos de desenvolvimento (empregados na década de 70 com a EMBRAER) viria a calhar na indústria militar, a qual está totalmente sucateada, pois o governo insiste em comprar produtos de segunda mão (como o porta-aviões francês) ao invés de tentar ressuscitar uma estrutura produtiva que fomenta o surgimento paralelo de soluções não só para a guerra, mas também para a paz e a comodidade das pessoas (ou por acaso ninguém admite as conseqüências positivas para os Estados Unidos no tocante à Guerra Fria, excetuando-se, é claro, as mortes e o capital transferido das reformas sociais para alocação nas intenções beligerantes do Pentágono).
Inexoravelmente, a receita para que o Brasil seja responsável por mais do que os parcos 0,7% do comércio mundial, está no investimento consistente na evolução dos processos, produtos e pessoas (especialmente os engenheiros, conforme comentado na revista Indústria Brasileira N°76). Entre as idéias para modificar esse panorama desanimador, constam:
- A criação de fundos setoriais de investimento, retirando aquela idéia dos campeões nacionais, para todas as empresas crescerem em harmonia, adquirindo escala e reduzindo custos, ancorados pelos recursos do BNDES.
- Instituir os vencedores (city capitals e investment capitals), gerados por medidas governamentais e de conglomerados financeiros que recebem os projetos de cientistas e pessoas físicas, e os financiam a taxas coerentes de juros (quase que um subsídio), dividindo os rendimentos posteriormente.
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