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terça-feira, 24 de junho de 2008

Confronting Climate Change - Article from McKinsey Quarterly - Overview

Depois de certo tempo sem escrever diretamente sobre a questão do aquecimento global, faço um apanhado geral do que foi tratado na reportagem Confronting Climate Change, publicada no The McKinsey Quarterly 2008 Number 2. Ele traz a visão empresarial sobre o que deve ser feito no que tange ao problema do aquecimento global. Confiram abaixo o cerne das discussões e, caso tenham interesse, nas observações do texto, encontrarão o endereço para acessar o documento no seu original, em inglês (1).

No primeiro texto Business strategies for climate change, inicia-se com uma constatação de que a produtividade do carbono deverá aumentar na ordem d 5-7% até 2050, de forma a manter o crescimento econômico nos níveis atuais, impedindo o aumento de mais do que dois graus na temperatura da Terra, isto é, deve haver um tipo de decoupling da relação entre crescimento do PIB e dos índices de emissão de carbono na atmosfera. Mesmo com os problemas em relação à comprovação científica do fato (2), nos últimos cinco anos, essa tem sido a principal preocupação das pessoas: a mudança climática. Para que as empresas alcancem metas de redução das emissões, seria interessante que se fizesse claro a importância de três aspectos: i) a instauração de novas fontes de energia, de baixo índice de poluição (nuclear, biomassa, solar, geotérmica); ii) desenvolvimento de produtos mais eficientes (com uso de menor quantidade de matéria-prima e energia para o seu funcionamento); iii) regulação do mercado de créditos de carbono. As corporações devem buscar agir em todas as esferas do processo produtivo (distribuição ou supply chain, produção, marketing) na luta para o cumprimento da meta, mesmo se desfazendo de negócios que não correspondem ao seu core business, afinal, a corrida para o gigantismo corporativo foi política da década de 80 e já demonstrou que não funciona (constatado pelas diversas empresas que já faliram).

No segundo texto What countries can do about cutting carbon emissions, discute-se a responsabilidade assumida pelos países nas discussões relativas ao último documento do IPCC sobre a questão do aquecimento global. Por exemplo, a União Européia comprometeu-se em diminuir os níveis de emissão em 20% a 30% para 2020, tendo como ano base 1990 (claro que isso está somente no papel até o momento). Segundo pesquisas, fatia de 60% da emissão de gases na atmosfera advém da obtenção de energia para girar a economia. A McKinsey sugere que os países devem trabalhar em alguns tópicos:
  • Facilitar o acesso ao crédito para quem desejar construir sua casa com melhores técnicas de insolação ou na compra de equipamentos da linha branca e ou automóveis híbridos – cada qual reduzindo assim o consumo de energia no seu funcionamento.
  • Encorajar o desenvolvimento de tecnologias de baixa emissão de carbono, como bicombustíveis e células fotovoltaicas. Há de se ressaltar que ou ela é desenvolvida pelas instituições públicas de pesquisa (comercializadas posteriormente) ou se subsidiará a obtenção do produto. O preço ficará baixo somente via isenções fiscais, projetos creditícios diferenciados e etc. Isto é fato.
  • O controle das reservas florestais e sua expansão, ao contrário do que se vem registrando no Brasil, por exemplo. Segundo dados, o desflorestamento representa de 10%-30% dos níveis globais de emissão. O controle ocorre via regulamentação, ainda fraca no âmbito global, diga-se de passagem.

Há de se sublinhar que essas medidas não vão resultar em grandes diferenças no curto prazo, logo, a mudança fundamental deve acontecer no ideal cultural das pessoas, sabendo que estão pagando mais caro agora (reduzindo seu nível de consumo presente), todavia, construindo um futuro melhor para as gerações vindouras.

No terceiro texto How companies think about climate change, há a reunião de diversas estatísticas advindas de pesquisas de opinião com 2192 executivos ao redor do mundo. Não irei esmiuçar aqui os números, mas sim, a conclusão: muita se fala sobre a preocupação em relação ao aquecimento global (cerca de 60% deles afirma que é um assunto grave); contudo, menos de 6% das empresas emitem metas de redução dos níveis de emissão. Em resumo: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Fique claro que o Economia Prática não tem o objetivo de fazer sarcasmos em relação à postura das corporações (sejam nacionais ou multinacionais), mas que destaca o que se pode observar no dia-a-dia. Se o governo estipular regulamentações, daí então que a maioria irá modificar sua postura, caso contrário, dificilmente.

No último texto Addressing consumer concerns about climate change, verifica-se que as prioridades dos consumidores também são heterogêneas, especialmente, quando se analisam as opiniões de populações em diferentes continentes. Por exemplo, os norte-americanos comprar produtos de empresas diretamente reconhecidas pelo bom trato dos empregados (sistemas de saúde, previdência, etc.), enquanto os europeus priorizam a questão ambiental. Finalmente, a consultoria fez um agregado da visão setorial concisa:

  • Empresas petrolíferas. Os consumidores deram destaque, mormente, para as petrolíferas dos países emergentes (China, Índia e Brasil), pois trabalham no financiamento de energias renováveis e patrocinam atividades fora do seu espectro de negócios. Há reclamações fortes da população européia de que suas empresas de hidrocarbonetos não fazem tudo o que poderiam na obtenção de energias renováveis e trato com os escassos recursos primários do velho continente.
  • Empresas de alimentação e bebidas. Consoante as pesquisas, as que obtêm o maior nível de aceitação no que tange a sua participação contra o aquecimento global; contudo, serão severamente rechaçadas do mercado caso não invistam ainda mais, especialmente, nos aspectos de saúde (controle do uso de pesticidas, níveis de gordura, constituição dos transgênicos) e no ambiental (controle de dejetos e desenvolvimento de embalagens recicláveis).
  • Indústrias High Tech. A principal preocupação dos consumidores é de que elas se especializem na disseminação do conhecimento, investindo em pesquisa que reduza as necessidades de energia para o funcionamento dos equipamentos e no barateamento dos produtos finais.

Indubitavelmente, o documento supracitado é deveras interessante, não somente pelo seu conteúdo econômico, mas pelo toque que nos dá sobre a opinião generalizada dos executivos e consumidores, suas preferências e atitudes em relação a um problema que já passou do âmbito da discussão acadêmica e científica, tomando forma de uma preocupação global.

Fontes:

(1) Notar que você deve se cadastrar para ter acesso ao artigo http://www.mckinseyquarterly.com/How_companies_think_about_climate_change_A_McKinsey_Global_Survey_2099_abstract

(2) Para quem deseja ter uma visão mais cética sobre o assunto do aquecimento global, sugiro a leitura de dois artigos: Aquecimento global, derretimento cerebral – parte I e II, disponível no endereço abaixo

http://www.jornalinformante.com.br/index.php/ite-opiniao

domingo, 21 de outubro de 2007

Consciência sobre o crédito de carbono

Dentro das conclusões oriundas do último documento liberado pelo IPCC (tradução livre, Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), a problemática do aquecimento global é inerente a todos os componentes da sociedade e, em especial, dos economistas, considerando-se o escopo da inserção no mercado financeiro de um novo derivativo: créditos de carbono - certificados que autorizam o direito de poluir. São emitidos por agências ambientais reguladoras. A sua origem remete à criação do Protocolo de Quioto (em 1997, na cidade japonesa de mesmo nome), com a consciência de que as nações que mais poluíram historicamente - autoras da Rev. Industrial - têm de pagar pelos prejuízos causados ao meio ambiente, a partir do desenvolvimento de projetos de sustentabilidade ambiental nas nações pobres.


Sendo incalculável a quantidade de CO2 já lançada na atmosfera, a conta seria grande demais para ser quitada de pronto. Para amenizar esse fardo, foi proposta a instauração do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), o qual tem como objetivo a geração de energias limpas, reflorestamento e, indiretamente, o aumento da produtividade industrial, quando se fala do ambiente corporativo / privado.


O grupo obrigado a reduzir em 5,2% as emissões de CO2 e outras substâncias nocisas, no período 2008-2012, como base de comparação os dados de 1990, engloba 39 nações. As fontes da mídia em relação aos volumes totais negociados até os dias de hoje são discrepante entre si, indo de 500 milhões até 10 bilhões de dólares. Nesse mercado em franca expansão, encontramos o Brasil em terceiro lugar na aprovação de projetos (logo atrás da China e da Índia) e com possibilidade de manter essa posição no longo prazo. Não somente aqui, mas em países da África, não podemos deixar que os créditos de carbono sejam aplicados como mais um tipo de derivativo financeiro, agrupado em pacotes criativos para os fundos de hedge, mas sim como ferramenta de inclusão de todos os players, inclusive dos pequenos produtores, os quais devem ser os favorecidos diretos dos dividendos obtidos no mercado, tanto quanto o meio ambiente em si. Por fim, será alcançado o tão sonhado "lucro social".

Para maiores informações sobre os créditos de carbono, acessem http://www.carbonobrasil.com/faq.htm