Mesmo sendo um país de tantas guerras desde a sua formação, a força intrínseca do pavilhão econômico é de surpreender. Após o período de desconexão das últimas amarras de sua antiga economia socialista em 1985, iniciaram-se reformas no que diz respeito ao Banco Central e ao Ministério da Fazenda, acompanhadas de perto, em 1990, pela opção de alavancar as condições de desenvolvimento de tecnologias de comunicação militar por imigração de grandes mentes da ex-URSS - junto à possibilidade de paz com seus vizinhos beligerantes -, condizendo com o que se vê hoje: um país que soube aproveitar do grande boom tecnológico, em especial, na produção de softwares (Flash Networks), drogas genéricas (Teva Pharmaceutical Industries Ltd), fertilizantes (Israel Chemicals Ltd), entre outras empresas que se fortalecem pelo alto investimento em R&D (Research and Development). Claro que essa postura é mantida, mormente, pela enxurrada de capital privado advindo de financiadores externos: EUA, União Européia – de preferência ao método de alavancagem por IPOS. A qualidade do ensino superior não é ruim, mas conta com financiamento bem abaixo do esperado - US$ 150 milhões do poder público israelense. Um dos grandes gargalos é o ensino básico das ciências, um dos piores da OECD, pois sua fraqueza acarreta em conseqüências terríveis de longo prazo (já que Israel não tem recursos naturais para empregar a sua população mais inculta).
No que diz respeito ao poder público, junto aos atuais escândalos de corrupção de Ehud Olmert (http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u400201.shtml), soma-se a questão da burocracia latente e prejudicial aos negócios. Como prova cabal, podemos consultar os dados do último documento do Banco Mundial – Doing Business 2008¹ – o qual reitera as dificuldades em: i) registrar propriedades -93% da terra é de propriedade do Estado-; ii) lidar com licenças ambientais; iii) falta de infra-estrutura e de uma boa legislação trabalhista (grande parte da população que trabalha nos setores público e privado aglutinam-se sobre uma bandeira: o sindicato Histradrut). Há questões prejudiciais para a instabilidade do governo, a exemplo do sistema eleitoral que acarreta na formação parlamentar por pequenos e diversos partidos, dificultando resoluções como na questão Palestina. Apesar disso, em pontos cabais de política econômica, há certa concordância quanto à manutenção do déficit fiscal em 3% do PIB, da inflação dentro da banda 1-3% (por meio da manutenção de intensos fluxos de capital externo, seja em investimentos diretos ou na aquisição de ações na Bolsa de Tel-Aviv, fortalecendo o schekel). Quem não gosta da moeda valorizada de forma consistente em relação ao dólar e até o euro são as empresas fora do ambiente high-tech, de pouca eficiência econômica, gerando grandes ondas de demissões nos setores intensivos em mão-de-obra, visto que não conseguem repassar os reajustes de custos.
A conclusão é a de que para uma economia-mestre em técnicas na eficiência da agricultura (de tratamento de água, produção de fertilizantes e agroquímicos), o nível de participação no PIB deveria ser maior do que 2,8% do total. Há gargalos também na produtividade das indústrias manufatureiras, o que pode ter resultado catastrófico dentre de algumas décadas, com a resultado do crescimento do PIB, dos atuais 4,5% para 1,8%. É questão de prioridades: de que adianta supercomputadores sem existir o alimento para a manutenção da vida? É uma pergunta que vários judeus-árabes, cerca de 1/5 da população, desempregados, questionam-se diariamente.
¹http://www.doingbusiness.org/ExploreEconomies/?economyid=95 - Documento completo sobre indicadores de viabilidade de negócios em Israel no site do Banco Mundial.
Fontes:
- Revista The Economist - Edição de 5 de Abril - A Special Report on Israel
- Revista Global Finance - Edição de Novembro do ano 2007 - Past Wars and threats of future ones just can´t stop Israel´s economic engine plowing ahead
- Revista Business Week - Reportagem - Israel: A Hotbed of... Investment
Nenhum comentário:
Postar um comentário