terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tradução - Revista The Economist - The flight from the rouble

Na esteira da crise financeira mundial, um dos problemas que se segue é a desvalorização da maioria das moedas dos países em desenvolvimento, como se pode comprovar pelo exemplo russo. Abaixo, você acompanha um pequeno artigo publicado em inglês na revista The Economist, o qual pode ser visualizado no link http://www.economist.com/world/europe/displaystory.cfm?story_id=12641926 , traduzido eficazmente para a atualização dos leitores do presente blog sobre como a Rússia está combatendo este problema, ou ao menos, tentando.

Economia Russa

O vôo do rublo

Moscou - Russos (e o seu próprio governo) acordam para os incisivos problemas econômicos existentes.

Os líderes russos gostam de irradiar confiança e falar despretensiosamente sobre as crises financeiras. Porém, histórias de demissões, salários não-pagos e férias coletivas estão tendo mais impacto. O governo acusa os Estados Unidos e insiste na estabilidade do rublo;contudo, empresas russas e a população apressam-se para trocar seus rublos por dólares. Agora, após gastar US$ 57 bi defendendo o rublo em dois meses, o Kremlin está preocupado. Nesta semana o presidente Dmitry Medvedev reconheceu que a crise está espalhando-se para a economia real.

Atrasos salariais aumentaram em um terço no mês passado. O crescimento da produção industrial, em 5.4% na primeira metade do ano, quase parou. O Banco Mundial prevê que o crescimento econômico irá cair pela metade, ficando em 3%. O incremento dos preços dos petróleo e o crédito barato - as duas fontes de dinheiro para a economia russa - seguiram trajetória reversa. Em menos de 5 meses, o mercado acionário perdeu dois-terços do seu valor.

Em teoria a Rússia deveria estar preparada para uma queda nos preços do petróleo. Ela possui um grande fundo de estabilização e, mundialmente falando, a terceira maior reserva. Mas mesmo salvando dinheiro, a Rússia vinha permitindo às empresas, incluindo as estatais, adquirir empréstimos baratos no exterior. De acordo com o Banco Mundial, cerca de 85% da entrada de capitais no país adviram de débitos (em dólares). O resultado é que, embora a Rússia possua US$ 475 bi em reservas, o débito externo (em sua maioria, privado) é maior. Pela primeira vez desde 1998, pode estar ocorrendo um déficit em transações correntes.

Rory MacFarquhar, um economista da Goldman Sachs, diz que a preocupação imediata é o rublo. A política seria de parar a apreciação rápida do rublo quando os preços do petróleo estivessem altos. Agora o Banco Central deve impedir a desvalorização do rublo. Como Mr. MacFarquhar expõe a situação, as reservas russas eram destinadas a contrabalançar quedas temporárias do preço do petróleo, não para manter a moeda em nível errado.

De início o governo tentou culpar especuladores internacionais por colocarem pressão no rublo, mas logo ficou claro de que a pressão real vinha de dentro da Rússia. Igor Shuvalov, o primeiro deputado primeiro-ministro, diz que a fuga de capitais é resultado de firmas trocando rublos por dólares, com o intuito de pagar débitos de curto-prazo a estrangeiros ou para se auto-protegerem contra flutuações cambiais. Isso tem prejudicado a tentativa governamental de injetar liquidez no sistema bancário.

Natalia Orlova, economista no Alfa Banco, diz que não-pagamentos entre bancos e firmas são problema crescente. Aumento nos atrasos saláriais sugere que os não-pagamentos irão, ademais, contribuir para redução do consumo, a principal fonte de crescimento nos anos recentes. (Burocratas estatais e aqueles trabalhando para a Gazprom, a gigante petrolífera estatal, parecem estranhamente insulados desde problema).

No dia 11 de novembro o BC permitiu que o rublo depreciasse contra uma cesta de moedas em 1%. Ao mesmo tempo, elevou as taxas de juros em 1%, chegando à 12%, com o objetivo de estancar a saída de capitais. Contudo, a última ação torna a situação ainda mais complicada, pois sinalizando que a depreciação do rublo será gradual, encouraja as pessoas a mudar rublos por dólares antes do próximo movimento cambial. Sergei Ignatiev, chefe do BC, diz que as taxas de juros deveriam aumentar acima da inflação, a qual se localiza em 14% desde outubro. (Até agora, a Rússia tem tido taxas de juros reais negativas). Mas dadas as extensões da corrupção pública e da burocracia, os negócios de pequeno e médio-porte russos irão sofrer.

O banco central está encalhado entre uma rocha e um local duro. Defender o rublo contra futuras depreciações irá sangras as reservas. Aumentar as taxas de juros sem liberalizar a economia pode acabar por sufocá-la. Depreciar o rublo de uma só vez ajudaria agora, Mr. MacFarquhar argumenta, entretanto é politicamente impossível pois o governo (especialmente Vladimir Putin, o primeiro-ministro) tem trabalhado duramente para manter a sua reputação de preservador da moeda forte.

2 comentários:

João Melo disse...

Matheus, parabéns pelo blog.Sempre que posso acessar a internet e localizar uma página que me desperta atenção,eu gosto de compartilhar com outros colegas. Continue escrevendo que eu aqui, direto do interior da floresta amazônica, continuarei lendo.
Abraço,
João Melo, direto da selva

Gilberto disse...

Parabéns pelo Blog, Matheus. Moro em Moscou, me interesso por economia, e encontei informaçoes interessantes nessa postagem.

Estou bastante pessimista com a situaçao aqui.

Com o barril abaixo de USD 50, a gordura da Rússia vai queimar rápido. E o páis é um mero exportador de matéria prima.